sábado, 11 de setembro de 2021

O Horror do 11 de setembro de 2001

Este ano, o pior atentado terrorista que já ocorreu na terra completa 20 anos. Foram uma série de ataques suicidas contra os Estados Unidos sob a coordenação da Organização Fundamentalista Islâmica Al-Qaeda. Na manhã daquele dia, algumas das crianças da nossa escola, aguardava a chegada de uma professora, vendo TV na Sala de Atividades Diferenciadas. Uma das crianças veio até minha sala, apavorada, contar o que estava sendo noticiado, repetidamente. Ele estava visualmente assustado e dizia que aviões tinham batido em dois prédios parecidos com os de Brasília e, com voz trêmula me pergunta se ia acontecer aqui também. Tentei acalmá-lo e corri para a sala onde estavam vendo TV. As crianças mesmo sem entender bem as repetidas imagens de terror, estavam com os olhos grudados na TV e algumas choravam. Os repórteres, como todo mundo, sem saber exatamente o que estava ocorrendo, mostravam ao vivo imagens aterrorizantes, impactantes, muito fogo, gritos, correria, pessoas ensanguentadas, gente saltando ou caindo, pessoas mortas, muito papel e destroços por todo lado, prédios em chamas, desmoronamento, dezenas de bombeiros tentando ajudar, o maior dos horrores estava sendo transmitido ao vivo. Fiquei por momentos parada, perdida, sem saber o que fazer, como agir. O que presenciava parecia irreal, inacreditável. Embora tomada pela curiosidade sabia bem que tudo aquilo era traumatizante e nada recomendável para aquelas pessoas pequenas. Disse a eles que era muito ruim ver tudo aquilo e era melhor nem ficar acompanhando. Nem eu nem eles queríamos que a TV fosse desligada. Mas era a melhor opção. Consegui convencê-los que era melhor ir jogar nos computadores e mais tarde a gente ia saber o que era tudo aquilo. Aquela foi a melhor saída, pois era o que mais gostavam de fazer. Por longo tempo o assunto do atentado que deixou cerca de 3.000 mortos e aproximadamente 6.000 feridos, sempre era lembrado, questionado e discutido.
Ocorreram também eventos hilariantes. O que se percebia era que o medo de todas as crianças da escola era enorme. Sem entender faziam dezenas de perguntas e comentários a respeito do ocorrido. Frases como: O mundo vai acabar? Vai acontecer aqui, no prédio igual? (Referindo-se ao Congresso Nacional) O que é uma bomba? O que é um terrorista? Isso aconteceu longe? e muitos outros questionamentos. Os educadores tentavam explicar da forma que podiam entender. Neste clima haviam os que se aproveitavam para brincar com o assunto e até assustar os mais temerosos. O acontecimento mais engraçado foi o que aconteceu com crianças de quatro anos. Um deles saiu desesperado pelo pátio gritando: - Socorro, socorro, ele quer me matar. socorro! O outro vinha atrás dele tentando mostrar-lhe algo e se explicar mas o primeiro corria o mais rápido que podia desesperado. Para intervir e saber o que estava ocorrendo foi necessário segura-lo com firmeza. Ele abraçou minhas pernas e tentava se esconder atrás de mim ainda pedindo socorro. Abaixei- me, o abracei forte pedindo calma e explicação. Ele com olhar assustado, horrorizado com a ameaça disse apontando para o coleguinha: Ele está com uma bomba no bolso e disse que vai explodir na minha bunda! O outro explicava: É brincadeira cara é um dominó olhe! e mostrava a pedra. Todos que presenciavam a cena que parecia trágica começaram a gargalhar e eu também estava sem condições de conter o riso. Tudo explicado eles se abraçaram. Acredito que os educadores presentes, diante do ocorrido, fizeram uma reflexão quando a influência dos meios de comunicação, especialmente a televisão, na educação. Grande parte das notícias veiculadas mostram a ocorrência de violências, agressões e todas as formas de atitudes negativas de seres humanos. O grande perigo é a banalidade com que passa a serem vistas tais notícias. Além disso, as novelas, os filmes e até os desenhos animados mostram constantemente cenas impróprias para gente pequena, especialmente, de violência. Como a criança aprende imitando o que presencia, pode se tornar agressiva com as pessoas de sua convivência. Para ela que vê os personagens dos desenhos animados perseguindo uns aos outros, se vingando, tais atitudes passam a serem normais. Quando um dos personagens atinge a um outro e até o esmaga e ele imediatamente se levanta na sua cabeça ele também pode bater em um colega e até esmaga-lo sem nenhuma consequência ou dano. Retirar da criança a possibilidade de acessar a internet e ver o que se passa na televisão é quase impossível. Quais as consequências para a vida da criança? A grande maioria das pessoas acha que será negativa, será ruim. O que fazer então? Como a família e a escola deve agir, ou reagir, ao perigo iminente? Parece que a maioria se acha de “mãos atadas”, se sente impotente diante dos fatos. A questão é que as crianças de hoje estão superlotadas de informações e necessitam orientações para organiza-las, para que percebam o que é bom e o que é ruim, o que deve e o que é indevido, ou seja o que é aceito pela sociedade e considerado o padrão ideal de comportamento. Para a Pedagogia é preciso transformar as informações em conhecimento. É necessário aos educadores que fiquem atentos quanto a queima de etapas. quanto a informações antecipadas à criança, que estão aquém do seu nível de maturidade e do seu entendimento mas se vistas podem ser por ela imitadas somente porque viu alguém fazer. Uma criança de três anos que presencia beijos na boca, cenas de sexo, brigas, mortes, mesmo sem entender poderá imitar em suas brincadeiras com os colegas. Cabe aos pais, professores e outros adultos estarem atentos e impedir a exposição antecipada da criança a atos, atitudes, imagens fora do contexto infantil que poderá prejudicá-la. Para tanto é necessário muito tato, pois se houver somente a proibição tal atitude poderá estar despertando o interesse e a criança irá buscar a qualquer custo, ver o que lhe foi proibido. Explique que ela pode não entender, que há atividades muito melhores e mais interessantes para ela, sugira, participe com ela de outras atividades. Ao que ela assistir e demonstrar pouco entendimento se perguntar responda com honestidade, faça perguntas para que percebem discutindo e analisando o porquê do programa ser bom ou ruim, o porquê de ser considerado certo ou errado. Deixe a criança penetrar no mundo dos adultos perguntando, questionando, deixe-a perceber que adultos também tem inquietações. Interprete o sentimento da criança, coloque-se no lugar dela, comunique de forma que entenda para que construa conhecimentos corretos e sem contaminação. Os seres humanos pequenos ou grandes, que tenham vivido pouco ou muito, precisam superar a solidão, possuem necessidades análogas como as de afeto: abraço, respeito e amor.

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