domingo, 27 de março de 2022

PEÇA TEATRAL - A FORMIGUINHA MINEIRINHA - 2010

Tema: “Economia e a Vida” Encenações (monólogos de uma formiguinha) desafios, propostas, estratégias e como promover a vida. A personagem desse monólogo é uma formiguinha mineirinha. Ela sempre entrará com uma fala de aproximadamente 10 (dez) minutos e explicará alguns temas. Ressalta-se que a formiguinha terá total liberdade para se movimentar, devendo respeitar o tempo limite, o sotaque e os trejeitos, o jeito mineiro. É salutar que a formiguinha domine bem o assunto proposto. Serão 4 (quatro) atos com os temas: A VIDA EM PRIMEIRO LUGAR A VIDA AMEAÇADA ECONOMIA PARA A VIDA PROMOVER A VIDA O monólogo da formiguinha tem de transparecer muita sinceridade e convicção. O *jeito mineiro de ser é para dar um tom mais intimista, trazendo a comunidade para a realidade do cenário que ela vai criar com a sua fala. A formiguinha ora é tímida, ora é arrelienta por demais, com o único objetivo de ser clara e contundente! Os monólogos a seguir transcritos servirão de guia, podendo a/o artista refazer as falas, ou incrementar a cena de modo que facilite o repasse da mensagem, desde que respeitado o texto base do monólogo. Eis os monólogos: 1º.ato - A VIDA EM PRIMEIRO LUGAR - OS DESAFIOS LER: A esperança ainda habita nossos corações. A superação é sempre possível. É a energia que nos faz seguir. Jamais devemos deixar que o temor e indecisão, nos domine. Somente a união gera a confiança para que tudo se resolva com calma. A vida, está acima de tudo e deve desempenhar seu ciclo deste a concepção até o seu ocaso natural. Assim, a tarefa máxima é a preservação da vida humana o bem maior. São tantas vidas perdidas por violências, enfermidades e fome... São famílias enlutadas, filhos sem pais, pais sem filhos. A vida humana, depende da vida do Planeta: percebe-se que não estamos cuidando como deveríamos desta nossa casa comum. Nosso Planeta está doente pela falta do respeito e cuidado humano. Vivencia-se o descompromisso social com a vida das pessoas pobres, sustentado na cultura do descarte em vista do bem do mercado financeiro: o ser humano está sendo considerado um bem de consumo que se usa e “joga fora”. O que domina é a cultura do descartável, que é até mesmo promovida. A dimensão do cuidado está sendo deixada de lado, principalmente o cuidado com a vida humana. Que entre a formiguinha mineirinha... A formiguinha vem para frente olhando a sua volta, como se estivesse reconhecendo o ambiente. Assusta-se quando se depara com o local, vira-se para a comunidade e diz: “Noite! Num conheço vóis suncês, muito menos vóis sucês eu. Deixe-me apresentar... sou a VIDA! Digo, sou conhecida como a formiguinha Vida. Mio: Vidinha para os cumpadi mais chegado. Tudo bem? Quanta gente tem aqui. Vóis suncês moram tudin aqui dentro? Eu moro para aquelas bandas de lá. Sá... eu não conto a maió. Lá em casa ta uma tal de falação sobe uma Campanha... Éhhh... Economia e a vida, que diz que vóis micês não podem pensar só no dinheiro. Bom, né?! Isso significa que é um trabalho a menos! Né?! In sabe pruquê... vóis micês só vão ter que ponderar entre a ganância e generosidade. Pudia ser bem pior... pudia ter mais de um mião de opções. Também ouvi dizer lá pelas bandas de lá que vocês já são reconhecidos adeptos da empatia, do voluntariado, da compaixão, do amor, da bondade, da generosidade, do humanitarismo, da solidariedade, de se amarem uns aos outros Para que haja mais justiça e a paz sobre a terra... Nôooo... ficou mais fácil o trabai, de ôceis, vejam bem: se amarem uns os otros, consequentemente, todos terão mió qualidade de vida! Iuhuuuu! Ôooo trem bão sô!!! Viu? Só nóis formiga que não temos o prazer de ter uma vida fácil dessas. Agora persoá... só resta mesmo saber como o agi de vóis micês pode inspirar uma economia que vise a satisfação das necessidades humanas para a construção do BEM COMUM. Vóis micês se sentem responsáveis pela vida que levam? O modelo econômico que se tem hoje está de fato a serviço da vida? Promovendo o bem comum, a vida digna para toda e qualquer pessoa semelhante a ôceis? (A formiga fica em silêncio, olhando para a comunidade como se procurasse respostas! Após alguns segundos coloca a mão na cabeça e diz) Óia eu falando demais... Ara, ara! Sou apenas uma formiguinha. Mais sabe persoá... lá na casa onde habito, vejo que as preocupações são por pouco tempo, porque ninguém quer agir, ou ficam jogando as responsabilidades para os outros. Rapidin esquecem as amarguras e tornam a gerar a vida. Éhhh... geram a morte quando não enxergam no seu semelhante a própria imagem. Quando colocam o dinheiro em primeiro lugar. Quando não se interessam pelo futuro do Brasil. Quando priorizam o consumismo e o “ter”. A formiguinha coça a antena e diz: Num sei onde isso vai chegar... Num sei não! Ôhhh persoá, eu não sou fofoqueira, mas ouvi dizer que um tal fulaninho chamado Pio XII disse que a “riqueza de uma nação não se mede por critérios quantitativos, mas pelo BEM ESTAR do seu povo”. Será que vóis micês não são pobres por demais? Após essa fala, a formiguinha sai de cabeça baixa, demonstrando muita frustração, sem sequer despede da comunidade tamanha é a sua decepção. 2º. ato - A VIDA AMEAÇADA – e a ECONOMIA LER: Em meio a contratempos, perante a brutalidade vista, presenciada, vivida, muitos dizem que a solução mais desejada é a prisão, é a punição conhecida como justiça. Muitos se dizem convictos que a solução é a eliminação (pena de morte) para os apenados. Parece que este caminho aumenta à revolta, leva a desordem. Todos vivem com desconfiança e temores de todos. Os familiares bradam pela melhoria das deficiências do sistema penitenciário: há superlotação das celas, insalubridade, fatores que facilitam contágio de doenças, proliferação de epidemias. Então, qual o caminho? Muitos acreditam que a solução virá pela educação imbuída de empatia, ampla, integral, de qualidade, onde todos e cada um estejam comprometidos com a melhoria do outro, de todos. Salvar uma vida ou destruí-la? Querer fazer sempre o bem é o primeiro passo para ir ao encontro dos necessitados: libertar os sofredores e agir a serviço da vida na busca de realizar melhorias em favor da humanidade. O egoísmo leva a ambição desenfreada pelo poder e dinheiro faz com que muitos se ponham a serviço das elites e ao invés de agir com liberdade muitos se tornam instrumento de opressão e esquecem a importância das ações libertadoras que fazem desabrochar a paz introduzindo uma nova ordem de coisas, pois as necessidades de amor que socorre os pobres e os sofredores em suas necessidades e carências promovem a restauração da vida e torna-nos sensatos na prática para buscar, em primeiro lugar, o que realmente está a serviço da humanidade. Novamente com vocês, a formiguinha mineirinha... Boa noite, povo! Como estão vóis micês? Peço desculpas se da última vez que estive aqui, fui um pouco rude. Pois bem, sá... é porque às veiz é por demais difícil fazer entender que cada um tem responsabilidade com tudo e todos. E num é que economia tem tudo a ver. Os pessoar fala muito em não gastar muito, economizar o dinheiro, a comida, mas alguém sabe me dizer O QUE É ECONOMIA? Ops... uma pessoa de cada vez para não bagunçar! E então... alguém se habilita a explicar O QUE É ECONOMIA? Intoce... gravem bem o que vou falar: ECONOMIA SIGNIFICA TAMBÉM ADMINISTRAÇÃO DA CASA! No sentido de providenciar tudo que é necessário à sobrevivência. Assim... já posso falar para vóis micês que o objetivo é “colaborar na promoção de uma economia a serviço da vida, fundamentada no ideal da cultura da paz”. Entenderam que todos nóis temos de contribuir na construção de um bem comum em vista de uma sociedade sem exclusão?! Óia... eu venho aqui só para pedir que vóis micês entendam que confiança e vida andam de mãos dadas, e é com essas duas companheiras (confiança e vida) que podemos tudo miora! Intonces... Nóis somos ou não corajosos? Quero ouvir!!! Alguém tem dúvida? Ou alguém quer desistir da luta para preservar a vida? Intoces... quem quer ser combativo tem de saber que é nosso dever DENUNCIAR o modelo econômico que vise o lucro, gerando morte, fome, miséria e desigualdade. É nosso dever nos EDUCAR para uma economia solidária, valorizando a VIDA como o bem mais precioso! E por fim, CONCLAMAR a implantação de um modelo econômico de solidariedade e justiça. (A formiguinha se arruma para a direção da saída, pois a última frase será dita, e ao término sairá sem se despedir, apenas acenará com a mão!) Vamos lá... vamos colocar a VIDA EM PRIMEIRO LUGAR! 3º. Ato - ECONOMIA PARA A VIDA – A ÁGUA É IMPRESCINDÍVEL LER: Rejeição é desrespeito? O correto significado do respeito à vida é aumento da estima, da importância que se atribui a alguém. Paz se faz com atitudes procurando a reconciliação com compaixão, acolhimento e reconciliação entre as pessoas. Preservar a vida é jamais ofender ao semelhante, é viver na mais perfeita parceria, deixando a divisão, a separação, a inimizade. Muitos atos podem eliminar o próximo: a simples irritação contra os outros, as palavras ofensivas contra eles são formas sutis de atentar contra a vida alheia. Respeito é consideração para com a dignidade dos demais para jamais tirar-lhe a motivação, a alegria que também é forma de vida. Consideração é permitir que cada um viva a vida é dar espaço para que todos expressem suas opiniões, ideias, tradições, cultura, costumes e crenças e jamais tratar mal, humilhar ou oprimir as pessoas para que exista integridade nas conexões que dê sustentáculo a justiça e a harmonia de toda a sociedade humana. Mais uma vez a mineirinha... (A Formiguinha entra em cena gritando, feliz e saltitante, se beijando, pegando em seus braços, rosto, patas) Como sou feliz!!! Vejam... estou aqui por um ato de amor gratuito. Seus pais cobram alguma coisa pelo que fazem por vocês? Cobram?! Pois é... nem os meus!!! (Risos) (A Formiguinha corre pelo corredores feliz e grata) Obrigada!!! Obrigada por ter permitido que eu esteja aqui! Sou muito grata! (A formiguinha correndo diz:) Obrigada pela vida, pela fraternidade, pela solidariedade, e por este planeta terra onde a vida teima em brotar em abundância. (a Formiguinha se levanta, estende a mão para a comunidade e diz) Obrigada, também pela vida de cada pessoa que está aqui presente. Obrigada por fazer brotar essa grande diversidade, pois cada um aqui é diferente, e assim percebemos o quanto as nossas vidas foram feitas para conviver em harmonia. E que para conviver em harmonia precisamos combater a indigência, a pobreza e as desigualdades sociais. Assim Seja! (A Formiguinha faz que vai sair e volta) Quase ia me esquecendo! Obrigada por permitir que todos nós aqui, estejamos em um país rico em recursos hídricos! Mas abramos os olhos para que percebamos que essa água é finita. Que a água que gera vida está acabando... não podemos mais ver a água simplesmente como uma mercadoria porque ela passaria a ser fonte de morte e não mais de vida! (A Formiguinha sai) PROMOVER A VIDA – Compromisso e RESPONSABILIDADE LER: Responsabilidade Social é agir com ética para com as pessoas e o ambiente é respeitar os direitos e valores de cada cidadão, visando uma sociedade harmônica e saudável. Responsabilidade social é também pequenas ações, também como eliminar copos plásticos em bebedouros, reutilizar folhas de rascunho para anotações, usar lâmpadas mais econômicas e desligar quando desnecessárias, é separar corretamente os lixos, é doar ao invés de descartar o que ainda pode ser usado. Estas são algumas iniciativas que contribuam para o bem-estar de todos. Novamente a mineirinha Noite! Como oceis estão? Diz cá uma coisa... oceis estão entendendo? Eu tenho vindo aqui, falado, falado. Nóis tem prosiado um catiquin esses dias, mais num sei se oceis tem colocado os pacuvá para funciorna. Nóis tem responsabilidade, povo... e as nossas responsabilidades se tornam mais fárceis quando nóis tenta entende-las. Pelo o que eu entendi lá em casa, lá nas banda da minha famia COMPROMISSO significa GERAR VIDA! Óii... não é procriar fio não, ta?! GERAR VIDA lá no meu nim é evitar que outras formigas morram de fome ou por falta de cuidado! Lá a gente não sabe o que é VIDA AMEAÇADA! Pois tudo vive o tempo que tem de viver! (A Formiguinha em um ar pensativo se questiona) É... quem precisa ser amparado na sociedade de ocêis? Quem? Vamo... é hora de acordar de ser compromissado com a vida, de auxilia. O que falta para cada um aqui também começar a gerar vida? Lá no nim onco moro... pobreza não existe! Incrusive porque sabemos que pobreza não é fatalidade! Óia só... num é verdade que todo mundo quer desfrutar de uma vida longa, saudável e confortável? Intoces... por que uns podem desfrutar e outros não?! Óia... qualquer desenvolvimento desequilibrado, louco para acumular riquezas gera muita morte! E o pior... pode acabar gerando a sua morte! A morte de cada um aqui, sabe porque?! (Em tom irônico a Formiguinha explica) Vejam bem... quanto mais vocês CONSUMIREM POR CONSUMIR, querer apenas TER, se esquecendo das pessoas que estão a sua volta. Quanto mais se tornarem ESTOURO DE MANADA, fazendo tudo sem abrir a boca para questionar essa lógica tola que insiste em gerar a morte... cada vez menos vocês serão ouvidos... serão desconsiderados... e enfim, ignorados e esquecidos... E aí? O que océis me dizem? Estão incomodados? Pois eram para ficar, porque já são mais de 10 (dez) milhões de indigentes – pessoas sem voz, sem vez, sem direitos... Para esse número chegar em 100 (cem) milhões não levará muito tempo. Hoje océis tem que dizer SIM A VIDA! E comecem por juntar outras pessoas... Vim tanto aqui que já consigo lembrar dos rostin de oceis... Estou já me familiarizando com océis. Tem até gostado dos docin que ganho. Uma delícia que partilho lá em casa! Ôhh trem bom!!! E océis... tem gostado? Brincadeirinha... não precisam ser sinceros, porque as veiz pode magoar. Hihihihihihh (a Formiguinha ri timidamente). Océis se lembram da primeira pregunta que fiz aqui? E aí? Já se decidiram a quem vão servir? Vamos ver aqui... pesquisa IBOPE: quem vai servir aos outros, jogue pelo menos uma moedinha pras bandas de cá! Eu vou contar até três, daí vocês jogam. Estão preparados? É um... é dois... (antes de contar o três a Formiguinha se vira de costa e tampa os ouvidos, como que esperasse uma chuva de moedas). É três!!! (A Formiguinha vai ficar ainda um tempinho com as mãos no ouvido, e virada de costas, como que esperando alguém jogar a moeda). (A Formiguinha se vira, e mostra-se bastante surpresa). Ninguém jogou nenhuma moeda???? Nadica de nada??? Intoces estão comprometidos com o servir ao achegados??? Quero ouvir! Sim?! Pessoar...se comprometer com os demais é colocar a economia a serviço da VIDA! Sabem... o problema não é o dinheiro em si, mas sim o uso que vocês fazem dele. O dinheiro deve ser usado para servir o bem comum de todas as pessoas! “ONDE ESTIVER O TEU TESOURO, ALI TAMBÉM ESTARÁ O TEU CORAÇÃO! ” (A Formiguinha repete pausadamente para que as pessoas possam escutar com o coração!). Océis escutaram? Onde estiver o teu tesouro, ali também estará o teu coração! Se o tesouro de vocês for seu dinheiro, a acumulação de bens... a vida, as pessoas que estão a sua volta, a dignidade, o bem-estar ficarão em segundo plano! CUIDADO!!! Acumular, agir com ganância, pode ter consequências drásticas... pois ou vocês vivem solidariamente como irmãs e irmãos, ou serão infelizes, sempre sentindo um buraco na sua vida, e o mundo sempre será um lugar triste e trágico! E não é só dinheiro não, solidariedade é ter empatia, saber ouvir e escutar, ver e enxergar com o coração, consolar, partilhar saberes... AI DOS QUE JUNTAM CASA A CASA, CAMPO A CAMPO, ATÉ OCUPAREM TODO O LUGAR E SEREM OS ÚNICOS A MORAR NO MEIO DA TERRA. Povo que aqui está reunido... o tempo está desfiando... igual a algodão no tear. Se océis aceitarem um conseio repito o que aprendi. Nunca perdi uma oportunidade para aprender e repartir, agora aconseio océis: océis devem aprender a fazer o bem, procurar o que é justo sempre, nem mais, nem menos, apenas o justo... chamar à razão o espoliador, o explorador, o empresário que só pensa no lucro, no dinheiro a tudo custo, e fazei justiça ao órfão, tomais a defesa dos famintos. A lei que vai miorá a terra é a SUSTENTABILIDADE E SOLIDARIEDADE! *Jeito mineiro: O jeito desconfiado e o sotaque peculiar, são traços típicos dos mineiros. O estado de Minas Gerais é terra de um povo atencioso e hospitaleiro que gosta de uma boa conversa.

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