segunda-feira, 25 de outubro de 2021
Adeus irmã, tia, madrinha, professora, mãe Teresa
A principal veracidade que trazemos nesta existência é que ela irá consumar-se. O Homo sapiens nasce, cresce (deveria capacitar, desenvolver e aperfeiçoar), comete o desatino de contrair núpcias (uma parte), fica insano e tem filhos (alguns) e fenece (todos). Porém é algo bastante difícil ver a partida de pessoas que fazem parte de nosso convívio e mais ainda de alguém que pulou duas etapas dessas (nem casou, nem teve filhos, mas foi mãe de muitos) e, desde que comecei a entender pensava ser minha irmã a quem eu chamava de Mãe Teresa até que entendi que era minha tia e madrinha. Quando fui para a escola também foi ela que me alfabetizou. Quando senti medo, ela contou a história do João Sem medo. Quando foi pra cidade grande e ia nos visitar eu recebia dela uma mala cheia de presentes e orientações de como evitar os micróbios que causam doenças, quando soube que desejava aprender corte e costura, me presenteou com o estojo, quando algumas irmãs vieram morar comigo e a situação financeira ficou periclitante ela saia do serviço, passava no barraco que morámos, e deixava deliciosas postas de carne assada, quando tive dois bebes ela chegava e tirava as fraldas deles e dizia: deve ser muito ruim ficar com este bolo no meio das pernas, quando cresceram um pouco ela, incansável, contava e recontava histórias para eles, quando adoeceu, eu nem pude ficar com ela no hospital (disseram que eu era idosa). Ela nunca deixou de me tratar com carinho de madrinha. Agradeço a mamãe por ter escolhido uma pessoa assim pra ser minha mãe Tereza. As lembranças serão muitas e intermináveis. Que se encontre em paz, aquela que só me deu calentura! É difícil dizer adeus, e enfrentar uma despedida que sabemos eterna, é quase cruel.
História da mãe Teresa
João Sem Medo
Era uma vez em uma pequena aldeia um ancião pai com seus dois filhos. O mais velho era trabalhador e enchia de alegria e de satisfação o coração do seu pai, enquanto o mais novo só lhe dava desgostos. Um dia o pai lhe chamou e disse:
- Meu filho, você sabe que eu não tenho muita coisa para deixar para você e para o seu irmão, e, no entanto, você ainda não aprendeu nenhum ofício que te sirva para ganhar o pão. O que você gostaria de aprender?
João lhe respondeu:
- Muitas vezes ouço relatos que falam de monstros, fantasmas, e, ao contrário das pessoas, eu não sinto medo. Pai, eu quero aprender a sentir medo.
O pai chateado lhe gritou:
- Estou falando do seu futuro e você quer aprender a ter medo? Se for o que você quer, tudo bem você irá aprender.
João recolheu suas coisas, despediu-se do seu irmão e do seu pai e empreendeu o seu caminho. Próximo a um moinho ele encontrou um sacristão que iniciou uma conversa. Ele se apresentou como João Sem Medo.
- João Sem Medo? Que nome estranho! Surpreendeu-se o sacristão.
- Você verá que nunca eu conheci o medo. Eu saí da minha casa com a intenção de que alguém possa me mostrar o que é – Disse João.
- Talvez eu possa ajudá-lo. Contam que mais além do vale, muito longe, tem um castelo encantado por um mago malvado. O monarca que ali governa prometeu a mão de sua linda filha àquele que consiga recuperar o castelo e o tesouro. Até agora, todos os que tentaram fugiram assustados ou morreram de medo.
- Talvez, quem sabe ali eu possa sentir medo... Animou-se João.
João decidiu caminhar, vislumbrou ao longe as torres mais altas de um castelo em que tinham bandeiras hasteadas. Aproximou-se e se dirigiu à residência do rei. Dois guardas reais cuidavam da porta principal. João se aproximou e disse:
- Sou João Sem Medo e desejo ver ao vosso Rei. Talvez me permita entrar no seu castelo e sentir isso ao que chamam de medo.
O mais forte lhe acompanhou ao Salão do Trono. O monarca expôs as condições que outros candidatos já tinham escutado: se você conseguir passar três noites seguidas no castelo, derrotar os espíritos e devolver-me o tesouro eu te concederei a mão da minha amada e bela filha, e a metade do meu reino como dote.
- Eu o agradeço, sua Majestade, mas eu só vim para saber o que é o medo – disse-lhe João.
‘Que homem tão valente, que honesto’, pensou o rei, mas ‘já tenho poucas esperanças de recuperar meus domínios, pois tantos já tentaram até agora’ – João Sem Medo se dispôs a passar a primeira noite no castelo. Ele foi despertado com um alarido impressionante.
- Uhhhhhhhhh!- um espectro tenebroso se deslizava sobre o solo sem tocá-lo.
- Quem é você que se atreve a me acordar? – perguntou João.
Um novo alarido como resposta, e João Sem Medo lhe tapou a boca com uma bandeja que adornava a mesa. O espectro ficou mudo e se desfez no ar. Na manhã seguinte o soberano visitou a João Sem Medo e pensou: ‘É somente uma pequena batalha. Ainda faltam duas noites’.
O dia se passou e o sol se foi. Como na noite anterior, João Sem Medo se dispunha a dormir, mas dessa vez lhe apareceu um fantasma espantoso que lhe lançou um bramido Uhhhhhhhhh! – João Sem Medo pegou um machado que estava pendurado na parede e cortou a corrente presa a bola que o fantasma arrastava. Por não estar preso, o fantasma se elevou e desapareceu.
O rei lhe visitou ao amanhecer e pensou: ‘Nada disso terá serventia se não se repetir uma façanha a mais’. Chegou o terceiro entardecer, e depois a noite. João Sem Medo já dormia quando escutou se aproximar dele uma múmia assustadora, e perguntou:
- Diga-me o motivo que você tem para interromper o meu sono.
Como não respondia, ele agarrou um extremo da venda e começou a puxar. Retirou todas as vendas e encontrou a um mago:
- Minha magia não vale contra você. Deixa-me livre e eu quebrarei o encantamento.
A cidade estava toda reunida às portas do castelo, e quando apareceu João Sem Medo o soberano disse: Cumprirei a minha promessa! Mas, a história não acabou aqui. Certo dia em que o agora príncipe dormia, a princesa decidiu surpreendê-lo presenteando-o com um aquário. Mas, tropeçou ao se inclinar e o conteúdo, água e peixes caíram sobre o leito onde João estava.
- Ahhhhhh! – Exclamou João ao sentir os peixes no seu rosto – Que medo!
A princesa ria vendo como uns simples peixinhos coloridos tinham assustado ao que permaneceu impassível diante de espectros e fantasmas – Eu guardarei o segredo, disse a princesa. E assim aconteceu e até hoje ele é conhecido como João Sem Medo.
Mãe Tereza contava outra história de medo:
Diário de uma princesa
Certo rei um dia mandou publicar que o primeiro rapaz que chegasse ao palácio casaria com sua filha, uma inteligente e linda princesa que pretendia casar somente por amor.
Um moço, que se considerava muito astuto, de olho no poder e riqueza, correu depressa e se apresentou a princesa como o primeiro pretendente.
Ela, muito sábia, resolveu solicitar que o rapaz precisava demonstrar ser corajoso.
- O que desejar ele disse.
- Quero que passe a noite dentro de um caixão na igreja.
- Isso é fácil, pode mandar conferir. E lá foi ele comprar o caixão.
Chega então outro e se apresenta.
A princesa disse:
- Preciso de um marido audaz e é necessário cumprir uma tarefa.
- Sem problema, faço o que pedir.
- Preciso que vá vigiar um caixão que está esta noite na igreja. Ele respondeu
- Muito fácil já sou seu marido. E foi para casa esperar o cair da noite.
Chega então o terceiro e ela disse:
- Só se você me trouxer um caixão ocupado, que está na igreja, amanhã de manhã.
- Isso é fácil e foi esperar chegar o dia amanhecer para buscar o caixão.
À noite o primeiro chega à igreja se deita no caixão e cochila. Chega o segundo e se senta ao lado do caixão. O terceiro se aproxima e se prepara para levar o caixão. O que estava a vigiar pergunta:
- Quem é você?
- Eu sou diabo e vou levar o morto!
Assustado o sentinela saiu em debandada, desistindo da tarefa.
O pretenso morto então pergunta amedrontado:
- Para onde me leva?
O carregador solta o caixão e cada um corre o mais depressa que pode com muito medo. No dia seguinte o primeiro foi contar a princesa o ocorrido dizendo que o diabo apareceu para leva-lo ao inferno.
Os outros dois também chegaram e os três ouviram da princesa: - Como nenhum de vocês cumpriu a tarefa, o casamento está adiado até que e eu me apaixone por alguém que também me ame.
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