quinta-feira, 4 de outubro de 2018

5 de outubro Dia da ave - O canto do Rouxinol -

Uma música que eu gosto Por incrível que pareça até mesmo o rouxinol, um pequeno e discreto pássaro, (que dificilmente se deixa ver) cuja presença é sempre percebida, detectada pelo seu lindo e impressionante gorjeio com trinados e assobios, intenso e harmonioso, o mais surpreendente que conheço, está presente na cidade. No primeiro dia que os ouvi, ao abrir os olhos pela manhã, pensei que ainda estava sonhando, era quase impossível que rouxinóis estavam cantando na minha garagem. Nos dias que se seguiram, continuei a acordar ouvindo aquele belo gorjeio. Era bem real, um casal de Rouxinois, impelidos em perpetuar a espécie, estava construindo seu ninho na minha garagem. Fiquei maravilhada, porque aquele casal de aves tão raras escolheu aquele espaço? Seu habitat natural são pequenas matinhas, bosques úmidos, contíguos as margens de córregos e rios como a que havia próximo a minha casa onde vivi minha pré-adolescência, e fazem seus ninhos, camuflados na vegetação. Eu os espreitava de mancinho e, tão furtiva quanto eles, cochichava para a mata minhas anfibologias existenciais. Relembrar o que na época me encantava, alegrando a alma e enchendo os ouvidos, muitas outras recordações me vieram à memória. Naquela época eu já me angustiava com a destruição indiscriminada da natureza. Presenciei a destruição daquela proteção da mina e do córrego que trazia a água límpida e pura para a bica na porta de minha casa. Com a derrubada das árvores nativas os rouxinóis com o seu belo canto, também desapareceram. Nos dias que se seguiram, aquele casal continuava empenhado e na parte mais alta da garagem, incansavelmente, traziam pequeninos galhos secos para construir o berço dos seus futuros filhos. Não tardou e percebi que não traziam mais materiais para construção e sim alimentos, pequenos insetos e até os maiores como pequenas lagartixas, besouros, minhocas e outras guloseimas para alimentar os pequeninos que já haviam nascido. Passados alguns dias, algo muito triste aconteceu, os pequeninos sentindo-se capazes, saíram do ninho e despencaram de uma altura de quase três metros. Foi impressionante ver o desespero dos pais tentando alimentá-los, mesmo ali no chão, machucados. Ao ver tanto empenho, tentei ajudar preparando para os pequeninos um improvisado ninho de papéis, no frio piso de cerâmica. Os pais não desistiram, tentava alimentar e proteger os indefesos filhotes. Infelizmente, ambos não resistiram aos ferimentos e eu os enterrei no meu jardim com muita tristeza. No ano seguinte, o mesmo episódio, comecei a ouvir a melodia dos rouxinóis. Seria o mesmo casal? Só sei que dessa vez eu estava decidida a ajudá-los. Assim que descobri onde estavam construindo o ninho, pendurei uma sombrinha aberta debaixo do mesmo. Se os filhos resolvessem se aventurar a sair, sem muita condição e caíssem seriam amparados. Felizmente, deu certo pelo menos para um deles. O outro ficou preso entre os fios próximos ao ninho e não resistiu. Por incrível que pareça, nos dias que se seguiram, eu sempre via o casal e filhotinho, no meu quintal, não só na garagem, mas no jardim, nos fundos e encima da casa, sempre cantando como para agradecer a ajuda. Quando a família voltava para agradecer a minha filha comentava como era extraordinário ver que estavam agradecendo a proteção recebida. Analisando os motivos pela escolha do local, conclui que era porque, na minha casa, não havia crianças, ou animais como gatos e cachorros que poderiam intimidá-los, como também, ninguém ouvia música. Provavelmente, entre tantas outras casas, a minha foi a mais tranquila que eles puderam observar e escolher para perpetuar sua prole. Aquela escolha foi para mim um grande presente, um prêmio, uma inestimável lembrança que nunca esquecerei. Afinal, pombos e pardais existem por todos os lugares da cidade, mas rouxinol, só na minha casa. Senti-me privilegiada por ter podido vivenciar tão maravilhoso acontecimento. Acredito, que nos anos seguintes eles foram desencorajados pela presença de um adorável casal de cães, Pastores Belga e ai foi a vez deles me encantar com oito lindos filhotinhos. Mas isto é outra história.

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