sábado, 5 de junho de 2021

A CULTURA DO DESCARTE

A nossa casa comum se pode comparar ora a uma irmã, com quem partilhamos a existência, ora a uma boa Mãe, que nos acolhe nos seus braços. Esta irmã clama contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou. Esquecemo-nos de que nós mesmos somos terra. Nada deste mundo nos é indiferente Há necessidade de cada um se arrepender do próprio modo de maltratar o planeta, porque «todos, na medida em que causamos pequenos danos ecológicos», somos chamados a reconhecer «a nossa contribuição – pequena ou grande – para a desfiguração e destruição do ambiente». «Quando os seres humanos destroem a biodiversidade...; quando comprometem a integridade da terra e contribuem para a mudança climática, desnudando a terra das suas florestas naturais ou destruindo as suas zonas úmidas; quando contaminam as águas, o solo, o ar... tudo é «um crime contra a natureza é um crime contra nós mesmos...». Se nos aproximarmos da natureza e do meio ambiente sem abertura para a admiração e o encanto, se deixarmos de falar a língua da fraternidade e da beleza na nossa relação com o mundo, então as nossas atitudes serão as do dominador, do consumidor ou de um mero explorador dos recursos naturais, incapaz de pôr um limite aos seus interesses imediatos. Pelo contrário, se nos sentirmos intimamente unidos a tudo o que existe, então brotarão de modo espontâneo a sobriedade e a solicitude. O urgente desafio de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar. A humanidade possui ainda a capacidade de colaborar na construção da nossa casa comum. Desejo agradecer, encorajar e manifestar apreço a quantos, nos mais variados sectores da atividade humana, estão a trabalhar para garantir a proteção da casa que partilhamos. Uma especial gratidão é devida àqueles que lutam, com vigor, por resolver as dramáticas consequências da degradação ambiental na vida dos mais pobres do mundo. Os jovens exigem de nós uma mudança; interrogam-se como se pode pretender construir um futuro melhor, sem pensar na crise do meio ambiente e nos sofrimentos dos excluídos. Lanço um convite urgente a renovar o diálogo sobre a maneira como estamos a construir o futuro do planeta. O desafio ambiental, que vivemos, e as suas raízes humanas dizem respeito e têm impacto sobre todos nós. «são necessários os talentos e o envolvimento de todos para reparar o dano causado pelos humanos...». Todos podemos colaborar, cada um a partir da sua cultura, experiência, iniciativas e capacidades. Poderemos assim propor uma ecologia que, nas suas várias dimensões, integre o lugar específico que o ser humano ocupa neste mundo e as suas relações com a realidade que o rodeia. Exemplo: a relação íntima entre os pobres e a fragilidade do planeta, a convicção de que tudo está estreitamente interligado no mundo, o convite a procurar outras maneiras de entender a economia e o progresso, o valor próprio de cada criatura, o sentido humano da ecologia, a necessidade de debates sinceros e honestos, a cultura do descarte e a proposta dum novo estilo de vida. A mudança é algo desejável, mas torna-se preocupante quando se transforma em deterioração do mundo e da qualidade de vida de grande parte da humanidade. A terra, nossa casa, parece transformar-se cada vez mais num imenso depósito de lixo. Estes problemas estão intimamente ligados à cultura do descarte, que afeta tanto os seres humanos excluídos como as coisas que se convertem rapidamente em lixo a cultura do descarte que acaba por danificar o planeta inteiro. Fragmentos da CARTA ENCÍCLICA LAUDATO SI’ DO PAPA FRANCISCO SOBRE O CUIDADO DA CASA COMUM

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