sábado, 2 de novembro de 2019

AJUDA

Muitas pessoas falam muito em ajudar, entender, mas na hora “H”, expulsa, se afasta. É muito fácil ajudar os inteligentes, os bonzinhos, quero ver é ajudar os dependentes químicos, os doentes mentais, os que adquiriram aterosclerose e outros. Quando cheguei ao DF a melhor opção que encontrei para conseguir sobreviver foi trabalhar como costureira autônoma diarista. Foi muito bom, cada dia um local, cada dia na casa de uma família ou em uma instituição e nada de rotina. Aprendi muito, conheci muita gente maravilhosa, recebi muita ajuda, além de conhecer quase todo o DF. Certo dia, saindo da casa de uma família na 112 Sul, ouvi um choro desesperado de uma criança. Aproximei-me e vi um menininho de aproximadamente 4 anos soluçando tanto, que foi difícil conseguir que falasse. Sentei-me ao lado dele, tentei acalmá-lo oferecendo ajuda, fazendo uns carinhos, até que ele se acalmou e pode responder às minhas perguntas. Disse que o nome dele era Orlando e que morava no Gama. Veio para o Plano Piloto com o irmão de 9 anos e se perdeu do irmão por isso o desespero. Perguntou se eu sabia como encontrar o irmão, se podia levá-lo para sua casa. Indaguei se ele sabia o endereço e ele disse que sim. Eu disse a ele que eu não poderia levá-lo porque eu iria para a Faculdade, mas iria chamar alguém que podia ajudar. Vou telefonar para a polícia. Ele se desesperou: por favor, a polícia vai me prender. Eu disse a ele que a polícia iria ajudá-lo que os policiais são nossos amigos, nos protege, até que ele aceitou. Liguei e em pouco tempo apareceu uma Viatura. Policiais carinhosos e solícitos. Conversaram com ele dizendo que ia levá-lo para casa. Ao me despedir com a consciência tranqüila, deixei meu telefone com policial que no outro dia me ligou confirmando todas as informações. Disse que a família ficou muito feliz e agradecida quando recebeu de volta o menininho tão querido e esperto. Fiquei a pensar como é bom quando a família se preocupa em conversar com as crianças, ensinar o endereço desde pequeno, pois se Orlando não soubesse o seu endereço ficaria muito mais difícil encontrar a sua família. Nunca esqueci aquele choro, aquelas lágrimas e a esperteza daquele pequeno nem tampouco a solicitude daqueles policiais em ajudar.

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