sábado, 2 de novembro de 2019

CRIANDO SOFREDORES

Os pais, os professores, na maioria educados pelo medo, insistem em continuar o ciclo de violência: “bateram em mim, vou bater em meus filhos me castigaram, castigo meus alunos.” É como uma vingança que sem condições de se vingar na época e nos causadores se vingam em quem acha que pode. Orientam, absurdamente, os filhos a serem vingativos, a revidarem. Estão formando “monstros” e, consequentemente sofredores. Violência educa ou revolta? Encontrei inúmeras razões para uma educação sem violência e nenhuma para castigar ou bater. Concluí que devo dizer aos pais e educadores: vamos acabar com o castigo corporal, vamos preservar a integridade física das crianças e estaremos interrompendo um ciclo de pervesidade. Em mais de quarenta anos após minha primeira nomeação como professora, após criar meus irmãos e meus filhos, após exercer númeras funções públicas e privadas na área de pessoal tenho plena convicção de que a Psicóloga Jan Hunt, Diretora do “The Natural Child Project” tem razão. A seguir resumo e/ou transcrição de partes de seu artigo: “Dez razões para não bater em seus filhos: http://www.sylvieshene.com/portugues/artigos-dezrazoes.htm, acesso em 28/07/09. Agredir crianças é colaborar para que sejam agressoras. Muitas pesquisas mostram a relação entre castigos na infância e comportamentos violentos na vida tendo relação até mesmo com agressividade, violência e crimes. Faça o que eu faço funciona realmente. Assim também, ser empático, carinhoso, compreensivo tem tudo a ver com o que se vive na infância. Os pais e educadores costumam agir como sempre tendo razão, para o educando eles passam a imagem de que são fortes e poderosos e por isso a eles é permitido agir com violência. Passam a idéia de que são pessoas incapazes. Mesmo o que os pais consideram pequenas surras tem o mesmo sentido para quem recebe. Muitos pais só dão atenção aos filhos quando precisam chamar a atenção, bater e castigar. Há assim confusão entre prazer e dor, elas passam a castigar os menores que elas e podem se tornar incapazes de sentir compaixão e temer os que consideram poderosos. Quem é educado com castigos físicos aprendem que “bater é um modo correto de exprimir sentimentos e solucionar problemas.” Os problemas da vida exigem criatividade e humanitarismo ao invés de agressividade e violência. Como será possível a melhoria se o que ocorre é a repetição do que recebemos? O vínculo afetivo, natural entre ascendentes e descendentes é quebrado com a violência. Como amar alguém que nos fere? Como ter espírito de colaboração, como ter vínculo forte com sentimentos recíprocos de amor e respeito se no início da vida os educadores demonstram o contrário? Quando uma criança demonstra que o castigo está funcionando seu comportamento é superficial, fundamentado no medo, e quando puder reagir vai vingar seja lá em quem for. “A cooperação baseada no respeito, ao contrário, dura para sempre...” Quando pais agressivos têm dificuldades de obter “obediência” pela agressão, “os maus-tratos podem se tornar cada vez mais freqüentes e perigosos para a criança”. A ira e a frustração que o educando “deixa de expressar abertamente ficam guardadas; adolescentes revoltados não caem do céu. A raiva acumulada ao longo dos anos pode chocar os pais quando o filho sentir que já tem forças para expressá-la. O castigo pode resultar em "bom comportamento" nos primeiros anos, mas sempre a um alto preço, a ser pago pelos pais e pela sociedade em geral quando a criança atingir a adolescência e juventude.” “Bater nas nádegas, uma zona erógena na infância, pode criar na mente da criança uma associação entre dor e prazer sexual e levar a dificuldades na vida adulta. Anúncios em jornais alternativos procurando chicotadas atestam as tristes conseqüências dessa confusão entre dor e prazer. Se a criança só recebe a atenção dos pais quando é castigada, os conceitos de dor e prazer se confundem ainda mais em sua mente. Uma criança nessa situação vai ter uma baixa auto-estima, acreditando não merecer nada melhor. Mesmo surras relativamente brandas podem ameaçar a integridade física. Golpes na região lombar transmitem ondas de choque ao longo de toda a coluna e podem causar lesões. A alta prevalência de dores lombares nos adultos de nossa sociedade talvez tenha origem nos castigos da infância. Crianças já ficaram paralíticas por lesões de nervos em uma surra, e outras morreram por complicações mal esclarecidas depois de uma surra de vara.” “Em muitos casos do assim chamado "mau comportamento" a criança está simplesmente reagindo da única forma que é capaz, dadas sua idade e experiência, a um descaso com suas necessidades básicas. Entre essas necessidades estão: sono e alimentação adequados, detecção e tratamento de alergias, ar puro, exercícios físicos e liberdade suficiente para explorar o mundo a sua volta. Mas sua maior necessidade é a atenção integral de seus pais, que com freqüência estão distraídos demais com seus próprios problemas e preocupações para tratar seus filhos com paciência e empatia. É evidente que é um erro e uma injustiça castigar uma criança por reagir de modo natural à negligência de suas necessidades. Por essa razão, o castigo não só é ineficaz a longo prazo, como também injusto.” “O castigo dificulta à criança aprender a resolver conflitos de um modo eficiente e humano. Uma criança castigada fica ocupada com sua raiva e fantasias de vingança e perde a oportunidade de aprender um modo mais eficiente de resolver o problema em questão. Assim, uma criança castigada aprende pouco sobre como resolver ou evitar situações semelhantes no futuro. Explicações delicadas e uma base sólida de amor e respeito são a única forma de se obter atitudes louváveis apoiadas em valores profundos em vez de "bom comportamento" superficial motivado apenas pelo medo.” Além das agressões aos educandos, ao invés de receber orientações, Infelizmente, a maioria das pessoas, cresceram vivenciando, convivendo com situações onde eram aceitáveis pequenos roubos e pequenas mentiras (como se o roubo e a mentira valessem pelo tamanho?!...) passam a fazer o mesmo... Passam a achar natural, procrastinar, deixa tudo para outro dia, adiam, demoram em tomar uma atitude. Vivemos numa época onde é a maioria das pessoas que adiam que deixam tudo, preferem esperar por muuuiito tempo... Esquecem que os outros se chateiam, se entristecem, se sentem enganados com os: “Amanhã eu vou até sua casa”. “Amanhã eu ligo”. “Amanhã eu faço”. Lançam sentimentos negativos... por este motivo as conseqüências são também para quem pratica, voltam para eles... Torna-se um círculo vicioso de sofrimentos para ambos. Na maioria das vezes tais comportamentos evoluem de mansinho e penetram aos poucos nas mentes e nos corações e, sem que as pessoas percebam passam a praticar atos piores, tornam-se tíbios. Buscar o conhecer é praticar a vida, ultrapassando os sentidos e os pensamentos. Viver com afeto, com honestidade e verdade (sem pensar em tamanho), com sentimento positivo para com o educando, pois a criança que o recebe desenvolve-se e faz crescer o seu senso de respeito próprio. O educando têm características próprias que devem ser respeitadas pelos educadores e é a base educacional para o pleno desenvolvimento da personalidade. Os esforços são para a criatividade e para a formação dos sentimentos, onde o educador (escola, família, parentes, amigos) seja o mediador da aprendizagem buscando a valorização do emocional para a concretização do intelectual, utilizando-se da força da motivação e da comunicação, que traz à tona as capacidades latentes do ser humano, melhorando extraordinariamente seu desempenho, em todos os setores da vida de forma natural, uma vez que, somente motivado o ser humano é capaz de produzir com efetividade e com a qualidade necessária. Desenvolver incentivos e técnicas conscientizadoras da força interior de cada ser humano com o hábito da leitura e discussão de temas que estimulem a inteligência emocional com a valorização da capacidade individual para um perfeito equilíbrio e integração social levando a confiança em si mesmo e no outro que passa a interagir e influenciar pelo “orgulho” de cada um, fazendo com que seja fiel aos objetivos traçados, perseguindo-os com determinação, transformando as idéias em realidade. A base desta metodologia é cativar as pessoas, criando laços com a demonstração de alegria e valorização. O educando deve ser o agente do processo. Ouvir “a falação” dos pais, da igreja, copiar “os deveres impostos pelos professores” e repetir, repetir... deve dar lugar a questionamentos, procura de respostas e soluções para situações concretas e da vivência. O incentivo será para que as atividades sejam, preferencialmente, coletivas e em grupo onde a cooperação substituirá a competição e o individualismo, para que a convivência social e a solidariedade sejam praticadas. Quem educa ao invés de informadores serão os animadores e o ser em desenvolvimento ao invés de ouvinte será o pesquisador. Este pensar educacional contribui para a formação de pessoas éticas, críticas, autônomas, solidárias e responsáveis, capazes de uma melhor integração em todos os domínios melhorando a realidade social, para que a sociedade se torne mais justa, democrática e feliz e com que está felicidade, acreditamos, se perdure além desta vida. Será uma herança praticada de geração em geração.

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