sábado, 2 de novembro de 2019

SOFRIMENTO

Fico a pensar no sofrimento da mãe de Jesus, quando ele foi crucificado e morto. É inimaginável o que sentiu ao ver Jesus preso, açoitado, coroado de espinhos, humilhado, esbofeteado, crucificado e morto e, até depois de ter expirado teve o peito transpassado. É fácil Imaginar quanto ao sofrimento também das mães dos doze apóstolos que ficaram apavorados, desesperançados e sem rumo, Imaginemos em especial a mãe de Judas Iscariotes, o discípulo e traidor de Jesus. Além de ficar sem entender a traição do filho a Jesus, Judas mata-se. Judas morre sofrendo pela culpa da morte de Cristo, mas também é culpado e da sua própria morte, comete dois crimes. Se sua mãe estava viva seu sofrimento foi insonhável. Certamente todos os julgavam como o mais vil dos seres humanos um homem escolhido por Jesus, preparado por Jesus para participar da missão, que com Ele conviveu e cair num abismo tão profundo. Mães se sentem culpadas por tudo que faz o filho, o coração da mãe de Judas deve ter se despedaçado. E quantas mães, desde a mãe de Caim e Abel, continuam sofrendo por seus filhos Cristos ou Judas, filhos presos, filhos doentes, filhos que morrem, filhos assassinados ou que suicidam, filhos desaparecidos. Atos de filhos, sofrimento de mães. Sofrimentos de dor e perda. Mães que se reúnem que mostram a foto dos filhos, que estampam nas camisetas seus rebentos vítimas de agressividade e violência, de selvageria até. Fotos de alguém tão próximo, tão querido que se transformou em marca de dor e sofrimento. E os desaparecidos... São tantos... Quantas mães, na calada da noite, choram e rezam pelos filhos que simplesmente se transformaram em lembrança... Sem notícias, sem saber o que aconteceu. Elas jamais perdem a esperança. Quantas mães após passar a angústia maior, logo após o ocorrido, vestem a camisa, transformam a amargura e usam a imagem do filho que se foi, a transformam em símbolo de causa e lutam para evitar que outras mães passem pelo que passaram ou se põem em auxílio das que passam pelo mesmo infortúnio. Iniciam um trabalho sócio-educativo, reivindicam mudança na legislação, apóiam mães sofredoras. E filhos que adoecem e morrem prematuramente... As dores de muitas mães as transformam em Simão de Cirene, passam a ajudar outras pessoas sofredoras. Tornam-se portadoras de misericórdia, ternura e amor a todos os que sofrem. Muitas morrem chorando pelos filhos que estão deixando, especialmente a que tem filhos pequenos, sofre com medo de deixá-los, angustiadas com o que lhes possa acontecer. E as mães de portadores de dificuldades: cegos, surdos, com deficiência mental? Quanto cuidado, quanta ternura... Morrem preocupadas com os filhos, sofrem pelos filhos que ficarão sem ela. Mãe se culpa se o filho faz algo que abomina, se desvia do bom caminho, se comete crimes... Mãe jamais “leva a fama” se os filhos ou filhas são bons, se praticam o bem, se são santos... Elas sempre dizem que são assim pelos próprios méritos. Por mais que se alegrem com os filhos doutores e doutoras, profissionais de sucesso, amados por todos por serem o que são, elas sempre acham que fez pouco que nada lhe é devido... Apenas partem tranqüilas. De mães doentes é que podemos dizer: sabem tornar o sofrimento redentor e fecundo, e isto se desdobra a todos os tipos de dor que se podem deparar nos seres humanos; e não somente a dor corporal, mas também a dor psíquica, social, incorpórea e moral. Ninguém mais que um filho sofre com o sofrimento, com a dor de sua mãe. Parece um mistério insondável essa ligação que existe entre mãe e filho entre filho e mãe. Em seu livro O Despertar da Intuição, James Van Praagh escreveu: “Geralmente as escolhas mais difíceis envolvem o sofrimento de alguém. Abandonar um relacionamento que nos prejudica, demitir um funcionário incompetente e dizer uma verdade desagradável, mas necessária, a um amigo são escolhas que podem causar um mal-estar imediato. Entretanto, em longo prazo, essa escolha pode ser uma grande força libertadora para a pessoa que sofreu suas conseqüências. Sua decisão pode estimular alguém a reexaminar a própria vida ou ajudar uma pessoa a compreender os padrões viciados de comportamento que a levam a ser rejeitada. Sua escolha de abandonar alguém pode representar para essa pessoa uma oportunidade verdadeira de cura e mudança. Muitas vezes sofre-se muito para colocar em ação um processo capaz de promover uma transformação essencial.” E, Kathleen A. Brehony, no Livro: Despertando na Meia-Idade “... a vida de cada ser humano é uma jornada preenchida por sofrimento e dor, mas que dela um ser mais sábio, mais desperto poderá emergir. Camus escreveu: 'Nas profundezas do inverno, finalmente aprendi que dentro de mim jaz um invencível verão'. As curas feitas por Jesus foram gestos concretos de afeição e bondosa atenção para com todos aqueles que têm o coração estilhaçado e o corpo machucado. Quando se presencia outros sofrerem é difícil encontrar palavras. Muitas vezes o silêncio, a oração, um sorriso, um gesto de conforto e ternura podem ser as melhores opções. Quando alguém ajuda outro alguém nem pode imaginar quão grande pode ser o ato que pratica. É mais fácil do que as pessoas imaginam influenciar os outros, No entanto, quanto mais a pessoa estiver sofrendo quanto mais estiver triste, ou se chegar a ficar deprimido, mais precisamos compreender sua dificuldade e mais responsabilidade temos com o que dissermos. Aí precisamos encontrar o motor que impele a todos a lutar contra todas as doenças e buscar a saúde até o último momento. Na vida, coisas simples e muitas vezes consideradas banais como um sorriso, um abraço, ouvir, um cumprimento, um voto de confiança, um elogio, um incentivo, uma manifestação do desejo de que o outro progrida, tornam-se muito importantes, podem marcar para sempre muitas vidas e mostram que o enorme potencial humano, necessita de pouco, de encorajamento, para se manifestar. A dor é inevitável o sofrimento é opcional. Quantas vezes eu queria tanto, retirar o que eu disse desfazer o que fiz. Acho que todo mundo é assim. Existem providencias que podemos tomar, mas o que está dito e feito já fez efeitos nodosos como um estigma, uma tatuagem, gravado na mente de quem foi atingido. É muito difícil separar as coisas, consertar as coisas, encarar o que pode dar errado, fazer dar certo dar certo. A vida é curta, a vida é um cair e levantar, desconstruir e reconstruir. Na realidade todos nós, mais cedo ou mais tarde, somos chamados a encarar e, às vezes, a lutar contra as fragilidades e as doenças, nossas e alheias. E como são diferentes os rostos com que se apresentam estas experiências, tão típica e dramaticamente humanas! Mas sempre nos colocam, de forma mais aguda e premente, a questão do sentido da vida. Perante isso, no nosso íntimo, pode algumas vezes sobrevir uma atitude cínica, como se fosse possível resolver tudo suportando ou contando apenas com as próprias forças; outras vezes, pelo contrário, coloca-se toda a confiança nas descobertas da ciência, pensando que certamente deverá haver, nalgum lugar da terra, um remédio capaz de curar tudo. A vida é cheia de opostos. Ainda bem que temos o presente do agora, podemos viver o agora sem repetir os desacertos. Podemos ganhar experiência, aprender com os deslizes, escolher o futuro.

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