terça-feira, 6 de outubro de 2020

A GANÂNCIA PELO DIZER

 

Há uma pressa, no comportamento das pessoas, em dizer sem escutar. No máximo, param de falar enquanto o interlocutor está dizendo alguma coisa, mas, muitas vezes, sem a intenção de escutá-lo, de compreender o que ele está dizendo. A relação, nesses casos, fica como se fosse um paralelo de comunicados que não conseguem convergir para um verdadeiro diálogo. São dois monólogos, na verdade. A ganância pelo dizer é semelhante à gula: uma compulsão incontrolável pelo monopólio do dizer, roubando o direito do outro que perece por falta de chances.

A ganância pelo dizer gera a cultura da não escuta, como se o mundo estivesse cheio de fanáticos tagarelas, surdos para os outros, num grande burburinho de paranoicos a gritar suas mensagens na vias públicas. O individualismo exacerbado forjado pela urbanidade crescente é o acionador desses comportamentos fechados, aonde as pessoas vão se tornando ilhas, isoladas, criando cães, gatos e outros animais, como se estes estivessem mais sensíveis à escuta e à amizade dos homens e mulheres, do que os próprios seres humanos. Outras vezes, tenta preencher o vazio da comunicação humana, a ausência de humanidade nas relações, pela relação direta com os meios. O computador, a televisão e outros meios de massa, tornam-se quase as únicas companhias de tantos. Resultado: eles, apenas, enviam mensagens, mas não escutam. O professor sabe que mesmo a internet, oferece uma possibilidade de interlocução maior. Mesmo assim, não se pode tocar o outro, sentir suas expressões, por causa da interferência fria da máquina. Adaptado do texto de Francisco Morais - Natal-RN

Nenhum comentário:

SER AMIGO É ACEITAR E COMPREENDER O OUTRO -

17-09 – DIA DA COMPREENSÃO MUNDIAL Qual será o segredo para uma convivência, um relacionamento feliz, bem-sucedido e duradouro? Sem dúvida ...