Há uma pressa, no comportamento das pessoas, em dizer sem escutar. No máximo, param de falar enquanto o interlocutor está dizendo alguma coisa, mas, muitas vezes, sem a intenção de escutá-lo, de compreender o que ele está dizendo. A relação, nesses casos, fica como se fosse um paralelo de comunicados que não conseguem convergir para um verdadeiro diálogo. São dois monólogos, na verdade. A ganância pelo dizer é semelhante à gula: uma compulsão incontrolável pelo monopólio do dizer, roubando o direito do outro que perece por falta de chances.
A ganância pelo dizer
gera a cultura da não escuta, como se o mundo estivesse cheio de fanáticos
tagarelas, surdos para os outros, num grande burburinho de paranoicos a gritar
suas mensagens na vias públicas. O individualismo exacerbado forjado pela
urbanidade crescente é o acionador desses comportamentos fechados, aonde as
pessoas vão se tornando ilhas, isoladas, criando cães, gatos e outros animais,
como se estes estivessem mais sensíveis à escuta e à amizade dos homens e
mulheres, do que os próprios seres humanos. Outras vezes, tenta preencher o
vazio da comunicação humana, a ausência de humanidade nas relações, pela
relação direta com os meios. O computador, a televisão e outros meios de massa,
tornam-se quase as únicas companhias de tantos. Resultado: eles, apenas, enviam
mensagens, mas não escutam. O professor sabe que mesmo a internet, oferece uma
possibilidade de interlocução maior. Mesmo assim, não se pode tocar o outro,
sentir suas expressões, por causa da interferência fria da máquina. Adaptado do texto de Francisco Morais - Natal-RN
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