Na sociedade atual,
onde os meios de comunicação de massa são usados para constituir empresas
detentoras de muito poder, somos seduzidos pela falsa ideia de que o MEIO já é
a própria comunicação. O “meio”, neste caso, funciona como “fim”. Esse
pensamento tem raiz na ideologia e na lógica de mercado, cujo interesse é
reduzir o significado de “comunicação” ao de “informação”, tornando-a
mercadoria de compra e venda, em função de quem a manipula. A pessoa, dessa
forma, é vista como escrava do meio; como menos importante do que o aparato
tecnológico que veicula mensagens. O ser humano fica reduzido a um mero
consumidor de mensagens.
O que é direito humano
(direito de comunicar) passa a ser privilégio de quem detém os mass media. Eles
criam mecanismos que dão a falsa ideia de democratização da informação, através
da pseudointeratividade, onde o “receptor”, no máximo, legitima o que o emissor
propõe. O aglomerado de meios, na sociedade, cria, também, a falsa ideia de que
estamos vivendo no mundo da comunicação ideal, de que a sociedade atual é
participativa e desenvolvida, de que estamos vivendo num mundo avançado, de que
é preciso adquirir equipamentos e bens tecnológicos de última geração para
estarmos incluídos. Quem não possui esses equipamentos estaria “por fora” da
comunicação.
Preocupa-nos perceber que
este paradigma redutor da comunicação está presente nos discursos em muitas das
nossas práticas. Não raramente, temos percebido declarações e iniciativas que
nos levam a crer que esta mentalidade acabou se infiltrando, sutilmente, em
nossas cabeças.
Os educadores, devem se perguntar:
“o que vamos fazer para melhorar a comunicação dentro da nossa escola, na comunidade
ou do nosso grupo?”, uma preocupação limitante e primeira: “que meio nós vamos
criar?”. A última pergunta poderia fazer sentido, se a primeira já estivesse
respondida, a partir da realidade da comunidade ou do grupo. No caso acima,
cria-se, muitas vezes, algo nas redes sociais, por exemplo, para mostrar que a escola
“é pra frente”. Resultado: o meio não melhora a qualidade da comunicação,
apesar de ter aumentado e dinamizado o volume de informações distribuídas. Adaptado do texto de Francisco Morais - Natal-RN
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