sexta-feira, 2 de outubro de 2020

O “MEIO” COMO “FIM” NA COMUNICAÇÃO

 

Na sociedade atual, onde os meios de comunicação de massa são usados para constituir empresas detentoras de muito poder, somos seduzidos pela falsa ideia de que o MEIO já é a própria comunicação. O “meio”, neste caso, funciona como “fim”. Esse pensamento tem raiz na ideologia e na lógica de mercado, cujo interesse é reduzir o significado de “comunicação” ao de “informação”, tornando-a mercadoria de compra e venda, em função de quem a manipula. A pessoa, dessa forma, é vista como escrava do meio; como menos importante do que o aparato tecnológico que veicula mensagens. O ser humano fica reduzido a um mero consumidor de mensagens.

O que é direito humano (direito de comunicar) passa a ser privilégio de quem detém os mass media. Eles criam mecanismos que dão a falsa ideia de democratização da informação, através da pseudointeratividade, onde o “receptor”, no máximo, legitima o que o emissor propõe. O aglomerado de meios, na sociedade, cria, também, a falsa ideia de que estamos vivendo no mundo da comunicação ideal, de que a sociedade atual é participativa e desenvolvida, de que estamos vivendo num mundo avançado, de que é preciso adquirir equipamentos e bens tecnológicos de última geração para estarmos incluídos. Quem não possui esses equipamentos estaria “por fora” da comunicação.

Preocupa-nos perceber que este paradigma redutor da comunicação está presente nos discursos em muitas das nossas práticas. Não raramente, temos percebido declarações e iniciativas que nos levam a crer que esta mentalidade acabou se infiltrando, sutilmente, em nossas cabeças.

Os educadores, devem se perguntar: “o que vamos fazer para melhorar a comunicação dentro da nossa escola, na comunidade ou do nosso grupo?”, uma preocupação limitante e primeira: “que meio nós vamos criar?”. A última pergunta poderia fazer sentido, se a primeira já estivesse respondida, a partir da realidade da comunidade ou do grupo. No caso acima, cria-se, muitas vezes, algo nas redes sociais, por exemplo, para mostrar que a escola “é pra frente”. Resultado: o meio não melhora a qualidade da comunicação, apesar de ter aumentado e dinamizado o volume de informações distribuídas. Adaptado do texto de Francisco Morais - Natal-RN

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