sexta-feira, 21 de maio de 2021

É inegável que mudar paradigmas é algo bem difícil!

No entanto, tomei algumas atitudes inspirando no procedimento da escola da ponte, que eu desejava conhecer e era a única viagem que eu queria fazer para o exterior. Porém, por já exister uma análoga no Brasil e porque tive o prazer de conhecer o xará do meu avô, idealizador do Educandário, José Pereira que veio a Brasília e fez uma palestra na UNB e certa de que se a pessoa se predispõe, se compromete, se diz acreditar, quando registrado em uma entrevista por exemplo, aumenta a possibilidade de cumprir. Uma delas foi a imposição de economia de energia e tive que decidir na Escola NOVO CAMINHAR o que fazer. Como convencer os estudantes e os educadores do imperativo e do como economizar energia? Resolvi então conversar com todas as turmas desde o Maternal e os questionei quanto a importância da energia elétrica, da quantidade de proveito e da facilidade que ela nos proporciona. Contei a eles que eu vivi a minha infância sem energia elétrica. Usávamos vela, lamparina e lampião de querosene e era algo perigoso e de difícil manuseio. e que um dia ao visitar a fazenda do meu tio Baltazar me deparei com um motor gerador de energia e que também ligava as lâmpadas da Fazenda. Me encantei com a lâmpada elétrica, algo maravilhoso. Em meu livro encontrei um texto sobre o inventor da lâmpada elétrica, Thomas Edison. Fiquei tão empolgada e prometi a mim mesma que se um dia eu tivesse um filho e, se não houvesse algo mais importante eu colocaria nele o nome de Edson. Fizemos uma lista do que nos fornece a energia elétrica, fizemos uma reflexão de como substituí-la, como viver sem ela? Daí, expus a condição governamental de que seria necessário economizar energia senão ela seria racionada. Solicitei que propusessem formas e atitudes para economizar. Elas foram registradas pelos que sabiam escrever e desenhadas pelos que ainda buscavam essa capacidade. As propostas me surpreenderam e mais ainda quando observava a maioria agindo como fiscais como por exemplo: “Você esqueceu de desligar a lâmpada do banheiro.” A grande constatação foi que economizamos mais do que seria necessário mesmo que o que tínhamos fosse imprescindível: iluminação, geladeira computadores. Também nas unidades de internação de menores infratores comecei a questionar com eles a importância assim como na vida deles a na dos outros, dos estudos, de amenizar sofrimentos, tristeza dos outros... respondiam que nada que se referisse aos outros tinha importância. Nem quando me referia as Mães. Minha opção foi começar a falar, a argumentar a importância de estudar, de aprender, de construir conhecimentos, de buscar o saber. A resposta era de que só queriam curtir, buscar o prazer do momento sem se importar de que forma conseguiriam isso. Só ouvia negatividade e argumentos contrários. Porém, eu nunca desisti de tentar convencê-los a estudar na esperança de que: “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura!” Incentivava perguntas e respondia com perguntas. Na última vez que fui visitá-los tive a grata surpresa que me emocionou e ainda emociona. Quase sempre falávamos com eles trancafiados em um pequeno quartinho, assim que um deles me viu pulou logo do treliche e veio em minha direção dizendo: “Fui eu, você me viu na TV?” Eu nem sabia do que se tratava. Todo orgulhoso, sorridente e feliz da vida disse que passou no vestibular. Havia se empenhado muito nos estudos e agora era universitário. Em frente onde ele estava havia um adolescente de 15 anos que revoltoso me perguntou se por acaso eu estudava. Pude orgulhosamente responder que acabara de fazer um curso de especialização, principalmente, para saber o que fazer ali e de que forma me comunicar com eles. Ele me questionou sobre o que, e quando respondi que era sobre o uso indevido de drogas, dependência química, uma doença incurável. Debochando, ele argumentou ser desnecessário estudar para entender de drogas. Pude então, segura do que dizia argumentar: Ah é? Você não se importa com os outros mas gosta de sofrer? Ninguém gosta. Perguntei se era usuário de crack e a resposta foi positiva. Pedi que olhasse em meus olhos e argumentei enfaticamente dizendo que poderia perguntar a qualquer entendido no assunto: o crack destrói o sistema nervoso central e o dependente pode ficar impotente, paralítico... Ao ouvir a palavra impotência ele levou um grande susto. Ele não disse mais nada nem eu. Tenho certeza que aquilo ficou impregnado no seu baú de memórias ou de forma mais atual, no HD que é o cérebro dele. Assim como ninguém ensina nada a ninguém porque ninguém consegue mudar ninguém, aprendemos juntos e mudamos juntos mediatizados pela realidade como enfatizou Paulo Freire.

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